“Da Ditadura à Democracia” é uma das obras mais influentes e difundidas sobre a ação política não-violenta no mundo. O pequeno manual de 93 páginas tráz uma série de táticas e metodologias para o planejamento estratégico de movimentos baseados na filosofia política da não-violência.

Dentre os movimentos que inspirou Burma, Estônia e Zimbabwe foram notáveis, mas os movimentos atuais do Egito e Tunísia não ficam atrás. Vários dos organizadores dos movimentos atuais, como aponta o The New York Times, clamam ter usado a obra de Gene Sharp na base de sua organização, sendo considerada uma das obras essenciais para seus movimentos.

Essa obra está disponível em 24 idiomas no site do Instituto Albert Einstein e nesta sessão ela está disponível em espanhol.

Do primeiro capítulo:

“Nos últimos anos, várias ditaduras – tanto de origem interna quanto externa – entraram
em colapso ou caíram quando confrontadas por pessoas desafiadoras e mobilizadas.
Muitas vezes vistas como firmemente entrincheiradas e inexpugnáveis, algumas dessas
ditaduras provaram ser incapazes de suportar o desafio político econômico e social
organizado do povo.

Desde 1980, as ditaduras ruíram perante o desafio predominantemente não violento de
pessoas na Estônia, Letônia e Lituânia, Polônia, Alemanha Oriental, Checoslováquia e
Eslovênia, Madagascar, Mali, Bolívia e Filipinas. Resistência pacífica tem promovido o
movimento em direção à democratização no Nepal, Zâmbia, Coreia do Sul, Chile,
Argentina, Haiti, Brasil, Uruguai, Malásia, Tailândia, Bulgária, Hungria, Nigéria, e em
várias partes da antiga União Soviética (desempenhando um papel significativo na
derrota do golpe de estado de linha dura de Agosto de 1991).

Além disso, desafio político1 em massa ocorreu na China, Birmânia e Tibete nos últimos anos. Embora essas lutas não tenham posto fim às ditaduras ou ocupações dominantes, eles expuseram a natureza brutal destes regimes repressivos à comunidade mundial, e forneceram as populações uma valiosa experiência com esta forma de luta.
O colapso das ditaduras nos países acima citados, certamente não apagou todos os
outros problemas nessas sociedades: pobreza, criminalidade, ineficiência burocrática, e a destruição ambiental são, muitas vezes, o legado de regimes brutais. No entanto, a queda destas ditaduras elevou minimamente grande parte do sofrimento das vítimas da
opressão e abriu o caminho para a reconstrução dessas sociedades com maior
democracia política, liberdades pessoais e justiça social. […]”

Sobre o Autor

Gene Sharp é professor Emérito da Universidade de Massachusetts Dartmouth e indicado ao prêmio Nobel da paz. Ele é reconhecido mundialmente pelos seus esforços intelectuais e acadêmicos no estudo da luta e ação não-violenta, influenciando uma série de movimentos políticos e sociais em todo o mundo.