No transcurso da história, diferentes sociedades desenvolveram códigos de valores particulares, determinando com essas singularidades, identidades específicas pelas quais as conhecemos. De modo semelhante, nosso tempo é reconhecido pela utilização dos valores denominados “ocidentais e cristãos” como referência para suas leituras da realidade, circunscrevendo com esta nomenclatura, o conjunto de premissas utilizadas para pensar e interpretar o mundo.

O paradigma “ocidental e cristão” foi se constituindo lentamente através de duas vertentes fundamentais. A primeira delas teve suas origens na Grécia do século VI a.C., sendo chamada ocidental por haver tido como referência para firmar sua própria identidade, os valores sustentados nas culturas orientais. Nesse sentido, é importante sinalizar que o termo “ocidente” é muito mais que uma designação geográfica qualquer, pois define uma cosmovisão, um particular estado de espírito incorporado por uma comunidade.

A segunda vertente introduziu os princípios das tradições sapienciais judaico-cristãs, contribuindo desse modo para que o conjunto dos valores herdados através da razão de Atenas e da fé de Jerusalém conformasse o Espírito de Ocidente, origem da identidade cultural que nos qualifica, assim como o modo pelo qual interpretamos, avaliamos, sentimos e pensamos a realidade do mundo.

As fantásticas qualidades dessas duas vertentes alicerçaram o progresso espiritual e material das inúmeras culturas que compõem a Civilização Ocidental, mas não obstante suas virtudes inegáveis, em diferentes momentos da história, tanto a razão quanto a fé se excederam nas áreas de suas competências, exigindo obediência absoluta para suas respectivas leituras da realidade1.

As conseqüências da utilização abusiva da razão e da fé respectivamente, produziram falsas idéias de progresso e crenças mal assimiladas propiciando o aparecimento de “racionalismos” e “sacerdotalismos2”, gêneses de conflitos infindáveis.

O racionalismo pode ser definido como a tendência de inferir que os discursos construídos pela razão são as únicas explicações possíveis e aceitáveis sobre a realidade e o mundo. O sacerdotalismo, por sua vez, é a conseqüências de substituir os valores da fé por crenças históricas, dando maior destaque aos aspectos exteriores da religiosidade em detrimento da interioridade e da espiritualidade.

 

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