No sexagésimo aniversário da independência da República Democrática do Congo, dirijo-me a Vossa Excelência e ao povo congolês para expressar meus votos de total cordialidade.
Este aniversário é a oportunidade de renovar nossos sentimentos de profunda amizade e de nos regozijar com a intensa cooperação que existe entre nossos dois países em tantos domínios e, principalmente, no domínio médico, que nos mobiliza neste período de pandemia. A crise sanitária nos atinge em meio a tantas outras preocupações. A cooperação privilegiada entre a Bélgica e o Congo é um meio de nos unirmos para enfrentá-la.

Para melhor reforçar nossos laços e desenvolver uma unidade ainda mais fecunda, é preciso falar de nossa longa história comum com toda verdade e com toda serenidade.
Nossa história é feita não apenas de realizações comuns, mas também de dolorosos episódios. Na época do Estado independente do Congo foram cometidos atos de violência e crueldade, que ainda pesam em nossa memória coletiva.

O período colonial subsequente causou igualmente sofrimentos e humilhações. Empenho-me em expressar profundos pesares por essas feridas do passado cuja dor é hoje reavivada pelas discriminações ainda muito presentes em nossas sociedades. Continuarei a combater todas as formas de racismo. Apoio a reflexão que está sendo empreendida por nosso Parlamento a fim de que nossa memória seja definitivamente pacificada.
Os desafios mundiais exigem que olhemos para o futuro com espírito de cooperação e respeito mútuo. O combate em prol da dignidade humana e do desenvolvimento sustentável requer a união de nossas forças. Esse é o objetivo que proponho para nossos dois países e para os continentes africano e europeu.
Infelizmente, as circunstâncias atuais não permitem que eu viaje para seu belo país, que gostaria tanto de conhecer melhor. Espero que logo eu tenha a oportunidade de realizar essa viagem.

Tradução: Edgard de Assis Carvalho
Julho 2020.