PROJETO CUIDANDO DA PESSOA QUE CUIDA
–  O CULTIVO DA SAÚDE INTEGRAL –

Realizado na SAS Pinheiros – Supervisão de Assistência Social da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social do Município de São Paulo, implementado e conduzido com gratuidade plena.

Oferecido aos profissionais da SAS Pinheiros, o Projeto visa a prevenção de burnout, o desenvolvimento de competências da atenção, habilidades socioemocionais e cultivo da contemplação/meditação.

Objetivo
Introduzir temáticas do programa da Palas Athena Saúde, Ciência e Espiritualidade em encontros de alinhamento conceitual e vivências, destinados ao cultivo de habilidades atencionais e socioemocionais visando a promoção da saúde integral para os cuidadores da Assistência Social e seus familiares, da região de Pinheiros do Município de São Paulo.

Equipe de Implementação 

Luiza Hiromi Tanaka (Coordenadora pedagógica do Projeto) – Enfermeira Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UNIFESP; instrutora de Programa de Mindfulness para saúde e estresse, certificada pela Breathworks (Reino Unido e Espanha); instrutora de práticas meditativas, formada pela Associação Palas Athena.

Denise Sanematsu Kato – Formada em Psicologia pela PUC-SP e treinada em mindfulness na tradição da comunidade zen-budista de Plum Village, França. Instrutora certificada pela Breathworks do Reino Unido para os cursos “Mindfulness para Saúde” e “Mindfulness para Estresse”. Intérprete de conferências há 25 anos. Tradutora de As Folhas Caem Suavemente, de Susan Bauer-Wu, e obras sobre mindfulness, publicadas pela Palas Athena Editora.

Helena Tiemi Honda Kobayashi – Instrutora de Yoga e do programa Atenção e Concentração nas Práticas Meditativas. Doutorou-se e realizou mestrado pela Yokohama National University, Japão.

Rejane Moura – (Coordenadora do Projeto). Engenheira civil, integra a equipe de professores do programa Atenção e Concentração nas Práticas Meditativas, da Palas Athena.  Coordena o Grupo de Práticas Meditativas desde 2007. Capacitada em Ética, Cultura de Paz e Convivência pela Palas Athena e em Yoga pelo IEPY – Instituto de Ensino e Pesquisas em Yoga, dirigido pelo especialista Prof. Marcos Rojo. Membro dos Conselhos Deliberativo e Pedagógico da Palas Athena.

Rita Puls – Psicóloga junguiana, professora do programa Atenção e Concentração nas Práticas Meditativas. Monitora na Capacitação e Supervisão Mensal em Práticas Meditativas da Palas Athena, para profissionais da Secretaria Municipal de Saúde – SMS-SP.

Márcia Martins – Psicóloga de formação – especialista em esporte. Uma curiosa da alma humana. Multiplicadora do Curso de Atenção e Concentração nas Práticas Meditativas da Associação Palas Athena.

Mariângela Ochiuso – Medica Geriatra e paliativista. Formada em Atenção e Concentração em Práticas Meditativas pela Palas Athena em 2018.

Rosângela Almeida Fujii – Enfermeira, Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo, Multiplicadora do Curso de Atenção e Concentração nas Práticas Meditativas da Associação Palas Athena.

Introdução
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o estresse como uma epidemia global e faz um alerta prevendo que a depressão se transforma no maior gatilho para a morte e incapacitação nos próximos anos, associando-se a infarto e acidente vascular cerebral.

Verifica-se em âmbito mundial debates sobre saúde e espiritualidade em várias frentes de formação e atuação profissional, sobretudo na área médica e enfermagem. Esta associação parece ser imprescindível para minimizar os problemas de saúde mental e física, como estresse e depressão, que levam a alguma manifestação de dor física e a doenças.

A ampliação das ações para a concretude da espiritualidade parecem ser necessárias para promover a saúde integral, o que motiva a criar ambientes que promovam o bem estar individual e coletivo.

Nos Estados Unidos 80% das faculdades de Medicina incluem a cadeira opcional ‘Espiritualidade e Saúde’ formalmente no currículo, contra apenas três no Brasil(1).

A OMS citou em 2010 a respeito da política de saúde ocupacional: “um ambiente de trabalho saudável é aquele em que os trabalhadores e gestores colaboram para o uso de um processo de melhoria contínua de proteção e promoção de segurança, saúde e bem estar de todos os trabalhadores e para a sustentabilidade do ambiente de trabalho”(2).

E estabeleceu Cinco chaves para a promoção do ambiente de trabalho saudável, a correta gestão dos programas e a promoção de um processo de melhoria contínua:
• o compromisso e engajamento da liderança;
• o envolvimento dos trabalhadores e seus representantes;
• a ética empresarial e a legalidade;
• utilizar processos sistemáticos e abrangentes para assegurar a sua eficácia e melhoria contínua;
• a sustentabilidade e a integração.

As quatro áreas críticas em que foram baseadas a partir das necessidades identificadas foram:
• as condições de segurança e saúde no ambiente físico de trabalho;
• as condições de segurança, saúde e bem estar no ambiente psicossocial de trabalho, incluindo a organização do trabalho e a cultura do ambiente de trabalho;
• os recursos pessoais para a saúde no ambiente de trabalho, contando com o apoio e incentivo do empregador para a adoção de estilo de vida saudável;
• as maneiras de participar na comunidade para melhorar a saúde dos trabalhadores, de suas famílias e de membros da comunidade(3).

Empresas consideradas notáveis no campo de promoção da saúde, qualidade de vida, ambiente de trabalho saudável e sustentabilidade, vencedoras recentes do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida(4) e do Global Healthy Workplace Award(5) no Brasil, têm buscado a saúde integral, compreendida nas perspectivas física, social, mental, emocional e intelectual, e ainda que raras, incluem a espiritual.

Profissionais que lidam com pessoas e situações de vulnerabilidade – conhecidos como os profissionais de “ajuda”, na prática da assistência social – podem ampliar “o olhar para uma melhor compreensão do que acontece quando um ser humano encontra o outro”(6) e perceber o quanto são afetados emocionalmente, espiritualmente e fisicamente, por tudo aquilo que os cerca no cotidiano do trabalho.

Experiências com profissionais que lidam com pessoas em situação de rua mostram que conforme o tempo vai passando, passam a apresentar as seguintes formas de responder ao trabalho: ansiedade, frustração, sobrecarga emocional, medo, culpa, raiva, impotência, distanciamento afetivo, causando síndrome de Burnout (estado de exaustão relacionado ao trabalho), traumatização secundária (por escutar histórias traumatizantes sem vivenciar) e fadiga da compaixão (exposição prolongada a situações que despertam compaixão)(6).

O bem-estar espiritual refere-se à força e ao equilíbrio mental e emocional, que faz parte da nossa natureza humana inata, que possui uma predisposição natural para a compaixão, a bondade e o afeto com os outros. Quando nutrimos essa riqueza humana essencial e quando começamos a cultivar esses valores internos em que todos nós apreciamos nos outros, então começamos a viver espiritualmente(7).

Estudos clínicos começam a demonstrar como são poderosos os sentimentos de benevolência, compaixão e amor no que tange à saúde integral. Resultados revelam que as pessoas com níveis baixos de atenção consciente e compaixão sofrem de dor e estresse de maior intensidade, assim como desenvolvem mais doenças devido a baixa imunidade(8).

As práticas baseadas em atenção, complementadas como: plena (Mindfulness), consciente ou com sabedoria, transformam nossos estados mentais, tendo como propósito viver com atenção e bondade, permitindo cultivar as qualidades ou os valores internos da natureza humana (compaixão, afeto, gratidão, altruísmo, gentileza, generosidade, bondade, amor, paz, contentamento, tranquilidade) consigo mesmo, com os outros e o seu ambiente ampliado.
O desenvolvimento de milhares de estudos científicos aplicando as práticas milenares de Plena atenção e autocompaixão têm mostrado muitos benefícios que aumentam a imunidade, reduzem dores crônicas e a manifestação de doenças como diabetes, hipertensão, osteoarticulares e musculares, inflamações em geral e ainda alguns tipos de câncer e as reações ao tratamento, reduzindo o estresse físico, emocional e mental.

As práticas baseadas em atenção ou Mindfulness – mais popularmente conhecido no mundo ocidental contemporâneo – precisam de um treinamento da mente para experimentar o momento presente e compõem a primeira etapa da consciência do corpo e da respiração como âncoras da percepção das emoções/sentimentos e pensamentos (provocadas pela mente e os cinco sentidos – tato, visão, audição, paladar e olfato), até alcançar a etapa das práticas da autocompaixão e da humanidade partilhada(9).

Portanto, Mindfulness é nossa capacidade de trazer intencionalmente a consciência para a experiência no momento presente, com uma atitude de abertura e curiosidade gentil. É estar desperto para a plenitude de nossas vidas neste exato momento. É o modo de ser e de se relacionar consigo próprio, com as circunstâncias, com os outros e com o mundo ao redor. Consiste em lembrar de voltar para dentro de nós mesmos e para a verdade de nossas vidas neste momento – com abertura, bondade e aceitação compassiva. Proporciona autonomia quando as circunstâncias parecem fugir do nosso controle(10).

Este projeto pretende contribuir para que os cuidadores da Assistência Social cultivem a sua saúde integral, compreendendo como se relacionar com as suas próprias sensações físicas, emoções/sentimentos e pensamentos no cotidiano do trabalho, utilizando ferramentas para se permitirem estar no ciclo mais virtuoso.

Pretende incluir também os familiares que têm um papel fundamental para cuidar desses cuidadores da Assistência Social, no sentido de apoiá-los – e para tanto, necessitam também serem cuidados da mesma forma.

Referências
1. Avezum, A. OMS prevê que estresse e depressão vão liderar morte no mundo e cardiologistas se preparam. Web saúde. Hospital Santa Paula de 26 de setembro de 2013. GEMCA – Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular da SBC. http://saudeweb.com.br/voce-informa/oms-preve-que-estresse-e-depressao-vao-liderar-morte-no-mundo-e-cardiologistas-se-preparam/
2. OMS (Organização Mundial da Saúde). Healthy workplaces: a model for action. For employers, workers, policy-makers and practitioners, 2010. Disponível em: http://www.who.int/occupational_health/publications/healthy_workplaces_model.pdf. Acesso em 10/05/2018.
3. OMS (Organização Mundial da Saúde). Cinco chaves para ambientes de trabalho saudáveis: não há riqueza nos negócios sem a saúde dos trabalhadores, 2010. Disponível em: http://www.who.int/occupational_health/5keys_healthy_workplaces.pdf Acesso em 10/05/2018.4. Associação Brasileira de Qualidade de Vida. http://www.abqv.org.br/pnqv/PNQV/SobrePNQV Acesso em: 10/05/2018
5. Global Healthy Workplace Award https://www.globalhealthyworkplace.org/ Acesso em 10/05/2018
6. Santana CLA, Rosa AdaS (Organizadores). Saúde Mental das pessoas em situação de rua: conceitos e práticas para profissionais da assistência social. São Paulo: Epidaurus Medicina e Arte, 2016.
7. Batan-‘dzin-rgya-mtsho, Dalai Lama XIV. Além de religião: uma ética por um mundo sem fronteiras – Sua Santidade Dala Lama. Teresópolis: Lúcida Letra, 2016.
8. Burch V. Viva bem com a dor e a doença: o método de atenção plena. São Paulo: Smmus, 2011.
9. Buch V, Penman D. Mindfulness para a saúde: um plano simples para aliviar a dor, acabar com o stress e recuperar a alegria de viver. Alfragide, Portugal: Lua de papel, 2016.
10. Bauer-Wu S. As folhas caem suavemente. São Paulo: Palas Athena, 2014.

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