“O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons.”
                                
Nesta I Semana de Homenagem a Martin Luther King buscamos uma referência importante para nossos dias. Ela disponibiliza uma das experiências mais inspiradoras e comoventes de compromisso com a não-violência, diante do racismo.
E o racismo nas últimas décadas tem assumido contornos diferenciados, quando não dissimulados, ou simbolizados. É necessário erradicar esse estigma que ainda carregamos.
 
Luther King ilustra a capacidade humana de promover transformações culturais e sociais sem recorrer à violência, à manipulação e à intolerância. E ainda além do contexto da esfera racial, descobrimos o grande pedagogo em cada um de seus sermões, dos quais oferecemos uma das passagens inspiradas:
“Mesmo que seu destino seja ser um varredor de rua, vá até lá e varra as ruas como Michelangelo pintava; varra as ruas como Handel e Beethoven compunham música; varra as ruas como Shakespeare escrevia poesia; varra as ruas tão bem a ponto das hostes angélicas e terrenas serem obrigadas a parar e dizer: ‘Aqui viveu um grande varredor de rua que fazia um trabalho muito bem feito’.
Se não puder ser um pinheiro no alto da montanha
Seja uma touceira no vale – mas seja
A melhor touceira do sopé da montanha.
Seja um arbusto se não puder ser árvore.
Se não puder ser rodovia, seja uma trilha
Se não puder ser o sol, seja estrela;
Não é pelo tamanho que se vence ou fracassa –
Seja o melhor daquilo que você é.”
Palestra de Abertura
3 de abril – sábado – 18h
Dr. Hédio Silva Jr.
Tennessee, Memphis, 4 de abril de 1968: o disparo de um rifle interrompia bruscamente a biografia de um “rei” negro chamado Martinho Lutero Júnior, conhecido no Brasil e no mundo como Dr. Martin Luther King Jr., o maior líder negro das américas.
O nome com que foi batizado demarcou a existência e a trajetória luminosas do Dr. Martin Luther King Jr.: religioso, destemido, líder pacifista, majestoso, estadista, eloqüente, revolucionário.
 
Nascido no sul dos Estados Unidos, em 1929, em pleno auge do famigerado sistema “Jim Crown” (separados mas iguais), filho de um pastor batista, Martin Luther King Jr. recebeu o Nobel da Paz aos 35 anos, sagrando-se o mais jovem laureado pela fundação Prêmio Nobel.
 
Comprometendo as igrejas com as lutas sociais, organizando boicotes aos transportes públicos, apoiando greves de estudantes e de trabalhadores, liderando passeatas integradas por legiões de negros, brancos, judeus e muçulmanos, pregando a resistência pacífica, difundindo os ensinamentos de Gandhi, Martin Luther King Jr. sacrificou a própria vida em nome da igualdade, da justiça e da paz.
 
Em resposta aos linchamentos e às atrocidades cometidas pelos integrantes da Ku Klux Klan, Martin Luther King organizou a resistência pacífica, valorizou o diálogo, unificou as lutas de seu povo, pregou a não-violência, convocou negros e brancos para fundarem as bases de uma convivência harmoniosa, baseada no respeito, no espírito de compreensão e na tolerância recíproca. A Marcha sobre Washington, que em 1963 colocou mais de 200.000 mil pessoas nas ruas da capital norte-americana – ocasião na qual ele proferiu seu mais famoso discurso (I Have a Dream…) – mudou a face e a história política e econômica dos Estados Unidos.
 
Depois daquele 28 de agosto de 1963, os Estados Unidos da América nunca mais foram os mesmos. O mundo nunca mais foi o mesmo – o sonho de igualdade despertou sonhadores em todas as partes: na África, na Índia, na Europa, nas Américas.
No Brasil, tinha início o regime ditatorial-militar que durante mais de duas décadas empurrou lideranças, partidos progressistas e movimentos sociais para a clandestinidade, incluindo o Movimento Negro.
 
Na concepção e prática da luta negra que retoma espaço após a ditadura, lá estavam as lições, o pensamento, o legado político do Reverendo Martin Luther King Jr. Nos nossos dias, em que se debate intensamente propostas de políticas de promoção da igualdade racial, permanecem vivos e atuais os métodos e postulados do Dr. Martin Luther King Jr. Os sonhos não envelhecem. Pode-se calar um homem mas não se pode eliminar o vigor e a força de suas idéias, da verdade e da justiça.
Onde houver um ser humano lutando por dignidade, justiça e paz lá estará sendo concretizado o sonho do Reverendo Martin Luther King Jr.
Hédio Silva Jr., Advogado, Mestre em Direito Processual Penal e Doutor em Direito Constitucional pela PUC-SP, é Coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e Diretor do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT.
A Paz Pede Parceiros
4 de abril – domingo – 9h30 a 13h30
Espaço Gandhi – Praça Túlio Fontoura (Ibirapuera)
Diálogos
Pautados no pensamento de Martin Luther King, visam promover reflexão sobre seu legado, as múltiplas articulações que adquiriu com as contribuições de seus seguidores e a capacidade mobilizadora que ainda tem para desvendar intolerâncias, discriminações, exclusões, que se incorporaram em nossa mente e atitudes, inviabilizando o reconhecimento de uma origem e destino comum na trajetória humana.Esse pensar revela nossa intolerância e por outro lado nos capacita a dar conta disso. Não há como fazer frente ao racismo sem essas habilidades.
Trabalhando o símbolo
A paz está em nossas mãos
O símbolo da Cultura de Paz são as mãos entrelaçadas, que representam a troca e o entendimento. Podem ser vistas também como continentes que se abraçam, ou a fusão de pessoas, grupos, vilarejos, a união de norte e sul, a integração das várias culturas, que “se dão as mãos” no mais universal de todos os gestos de paz.
Em azulejo ou papel impresso pintaremos de suas cores essa figura, compondo uma pausa estética e inspiradora.
Espaço de expressão
O cálice da paz
Vamos preencher o cálice da paz com as cores mais variadas de nossos votos, pensamentos, sentimentos e reflexões. Que cada pessoa consagre o melhor de si a esse cálice, representando com arte aquilo que quer deixar no altar da vida.
Caminhada silenciosa
Caminharemos com calma, evocando simbolicamente a Marcha sobre Washington liderada por Luther King, que em 1963 colocou mais de 200 mil pessoas nas ruas da capital norte-americana – ocasião em que ele proferiu seu mais famoso discurso, “Eu Tenho Um Sonho”.

O mundo nunca mais foi o mesmo – o sonho da igualdade despertou sonhadores em todas as partes: África, Índia, Europa e Américas.

A PAZ PEDE PARCEIROS
Este programa a céu aberto promove ações coletivas pela Paz fundadas em princípios do pacifista Mahatma Gandhi:
Não-violência ativa – cultivar ações e atitudes pacíficas em todas as dimensões da vida.
Responsabilidade individual – possibilitar que as pessoas tomem consciência do seu poder pessoal, para agir em benefício da sua comunidade.
 
Simplicidade voluntária – evitar o supérfluo e o desperdício, fazer circular o que está parado, reciclar coisas e idéias, minimizar o consumo irresponsável. Agradecemos a todos os participantes desta programação que, generosamente, destinaram tempo e talento a fim de propiciar saberes e partilha. A PAZ é um bem de muitos, para muitos e que se constrói com muitos. Por isso ela PEDE PARCEIROS.
O ESPAÇO GANDHI
Criado na Praça Túlio Fontoura, abriga a estátua que o Governo da Índia ofereceu à Cidade de São Paulo. Sua instalação ocorreu em 15 de agosto de 2002. A missão do Espaço Gandhi é estimular e acolher iniciativas e realizações de atividades públicas comprometidas com a não-violência, a simplicidade e a cooperação.